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Jovem paquistanesa retratada em documentário foi alvo de tentativa de "morte de honra" no Paquistão por ter se casado sem consentimento familiar. |
Da BBC
Mas a família não concordava com a união, e a jovem acabou fugindo.
Na mesma época, a documentarista Sharmeen Obaid-Chinoy estava no Paquistão, seu país natal.
Fazia tempo que Sharmeen queria filmar um documentário sobre as "mortes de honra" em seu país: assassinatos de mulheres que "mancham" a honra da família e que chegam a mil casos por ano, segundo dados oficiais.
Mas ela queria contar essa história a partir da perspectiva de uma sobrevivente, algo difícil de encontrar, dadas as estatísticas.
Em uma manhã, a diretora leu em um jornal da região de Punjab que uma jovem havia sido baleada em um provável caso de "morte de honra".
Segundo a notícia, a vítima havia sobrevivido milagrosamente e estava internada em um hospital local.
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Documentarista defende mudanças na legislação paquistanesa que facilita impunidade em casos de 'mortes de honra'. |
Drama familiar
O pai de Saba deu um tiro no rosto da jovem, colocou a moça em uma sacola e a lançou em um rio.
Mas a bala havia apenas acertado a bochecha de Saba. Acordada pela água fria do rio, ela conseguiu sair, chegar a um posto de combustíveis e pedir ajuda.
"A beleza da história é que os serviços sociais do Paquistão e o hospital do governo local a atenderam. O pai e o tio foram presos, mas acabaram liberados por causa da fraqueza das leis", disse Sharmeen Obaid-Chinoy à BBC.
A cineasta disse ter encontrado uma jovem "muito decidida", e logo começou a produzir o documentário a partir do ponto de vista de Saba.
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Jovem foi baleada e jogada em rio, mas conseguiu sobreviver. |
Falhas na lei
"Se um pai mata a filha, quem o denuncia? As pessoas pensam que relatar o caso trará mais vergonha para a casa", conta a diretora.
Segundo ela, a legislação paquistanesa permite "perdoar" o autor de uma "morte de honra".
Ou seja, se um pai mata a filha, a esposa pode perdoá-lo, se um irmão mata a irmã, os pais podem perdoá-lo, e se um marido mata a mulher, pode receber o perdão dos filhos.
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Saba Qaiser em cena do documentário que concorre ao Oscar 2016. |
"Há pais que mataram suas filhas e andam livres pelas ruas. A sociedade não os vê como assassinos, mas como homens honrados. Precisamos colocá-los na cadeia", defende a documentarista.
Mensagem política
"Não há 'mortos de honra', mas assassinatos premeditados e a sangue frio", diz.
O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, ofereceu sua casa para a estreia do filme, e pediu alterações na lei que permite a impunidade nesses casos de homicídio.
No final da produção, Obaid-Chinoy disse que caminhava com a protagonista, quando ouviu dela a seguinte frase:
"Sabe de uma coisa? Perdoei meu pai e meu tio pela pressão social e pela minha família, mas no fundo do meu coração eles nunca serão perdoados."
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