Jô pede desculpas após entrevista intolerante sobre Black Blocs


Jornal GGN -

Foi com ironia, intolerância e, em algumas doses, desrespeito ao trabalho de pesquisa da socióloga Esther Solano e dos jornalistas Willian Novaes e Bruno Paes Manso que Jô Soares comandou a última edição de seu programa, na Rede Globo, sobre a tática Black Bloc. Os ingredientes inseridos na discussão por Jô transformou a entrevista num confronto em atmosfera pesada, destoando do estilo costumeiro do apresentador.

Sem ler o livro "Mascarados" - lançado um ano após as manifestações de junho de 2013, para fazer um contraponto à cobertura exclusivamente negativa dos protestos em função dos episódios de depredação - Jô classificou a obra como um "documento absolutamente parcial, em defesa do movimento Black Bloc", que o apresentador tratou de repudiar durante toda a entrevista.

Jô começou o bate-papo chamando o "movimento Black Bloc" de "aterrorizante" e "tenebroso", na expectativa de que os autores confirmassem sua visão do grupo que, hoje, é expulso de manifestações até mesmo por organizações de esquerda. Quando Esther, que acompanhou várias pessoas adéptas da tática ao longo de um ano, disse que o assunto não é tão tenebroso assim, Jô rebateu classificando os manifestantes como "perigosamente fascistas".

"Não é à toa que associam a atividade deles com uma violência quase que anárquica. Mas quando começa a aparecer o símbolo mais terrível da história da humanidade, que é simbolo do nazismo, a suástica, nos protestos] isso me preocupa demais. Por isso pedi para fazer entrevista, para saber como que é, mas você disse que tirou de letra, saiu com eles, foi jantar, almoçar e tudo", disse o apresentador, ironizando a pesquisadora.

Em outra passagem, Jô Soares, reproduzindo o discurso da grande mídia, denotou que as manifestações não eram legítimas por causa das máscaras e comparou os black blocs brasileiros aos nazistas, ao que Esther respondeu que "não tem nada a ver". "Não tem nada a ver porque você é a favor do movimento", disparou o apresentador. Tivesse lido a obra, Jô saberia que a pesquisadora posicionou-se pessoalmente contra as depredações.

Novaes e Paes tentaram, em algumas pausas às opinões de Jô, explicar que Black Bloc não é um grupo com ideologia, mas uma tática de protesto que nasceu na Alemanha e atravessa um processo de globalização desde os anos 1990. No Brasil, houve um superdimensionamento dos atos, sem considerar que justamente por ser um protesto de mascarados, os adéptos ficaram sujeitos a toda sorte de oportunistas e críticos.

No Jô, a tentativa de dar voz aos mascarados e compreender seus objetivos e linguagem virou atestado de parcialidade.

O apresentador, contudo, reconheceu sua postura equivocada, principalmente do ponto de vista jornalístico, e pediu desculpa aos autores, afirmou Esther Solano em sua página no Facebook.

O GGN, em outubro de 2014, entrevistou os autores de Mascarados.
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