Projeto de País da Globo é oposto ao dos militares


Embora a Globo tenha pedido a volta dos militares no último fim de semana, num socorro que já foi negado pelo Centro de Comunicação do Exército, há um fator que hoje impediria qualquer cooperação entre o grupo de comunicação dos Marinho e as Forças Armadas: a abissal distância entre as visões de Brasil das duas instituições; no mundo da Globo, o pré-sal deve ser aberto a empresas estrangeiras e projetos como do submarino nuclear – que parou em razão da Lava Jato – e de renovação da Força Aérea Brasileira são desnecessários; antes de serem de direita ou de esquerda, os militares são, sobretudo, nacionalistas, enquanto a Globo hoje representa uma visão apátrida de País

Brasil 247

No último fim de semana, dois colunistas do Globo, Merval Pereira e Ricardo Noblat, prestaram-se ao papel de vivandeiras dos quartéis. Enquanto Merval disse que os militares estavam prontos para colocar as tropas nas ruas, garantindo a paz nas manifestações do dia 13, Noblat afirmou que os generais cobravam de seus interlocutores no meio político uma rápida saída para a crise política (leia aqui). 
 
Ambos foram desmentidos pelo chefe do Centro de Comunicações do Exército, general Otávio Rêgo Barros (leia aqui), mas o fato é que a simples menção à volta dos militares despertou o temor de que um novo golpe, como o de 1964, apoiado pela Globo, estaria sendo urdido.

Hoje, no entanto, a possibilidade de uma cooperação entre as Forças Armadas e a família Marinho é praticamente nula. Sobretudo porque os militares cultivam uma visão de País essencialmente nacionalista – e, portanto, oposta à da Globo.

Desde o início da Operação Lava Jato, a Globo já defendeu posições que muitos consideram apátridas. Uma delas, a abertura do pré-sal às empresas estrangeiras, como Shell, Exxon e Chevron. Outra, a abertura do mercado brasileiro de engenharia às empreiteiras internacionais, com as construtoras brasileiras ficando impedidas de firmar acordos de leniência.

Além disso, a Globo não se manifestou sobre a paralisação do projeto brasileiro de construção de submarinos nucleares, desde que o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva foi preso numa das fases da Lava Jato. Os submarinos serviriam, justamente, para patrulhar a área do pré-sal, que faz parte da chamada "Amazônia Azul", a área de fronteira marítima que o Brasil conseguiu expandir.

Numa outra operação, a Zelotes, o impacto colateral pode ocorrer sobre a compra dos caças Gripen, da sueca Saab, para reequipar a Força Aérea Brasileira. Isso porque a operação original mudou seu foco original e, em vez de combater a sonegação de impostos, também se converteu numa caçada ao ex-presidente Lula. Como o lobista Mauro Marcondes atuou em favor da Saab, procuradores passaram a buscar eventuais benefícios a Lula, num negócio concretizado apenas recentemente, no governo da presidente Dilma.

O fato concreto é que, nos governos Lula e Dilma, com ministros da Defesa como Nelson Jobim e Celso Amorim, os militares conjugaram de uma visão nacionalista de País. O oposto do que hoje defende a Globo.
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