É a recessão, estúpido. Ou como a discussão da corrupção oculta o caos econômico


Por Fernando Brito, Tijolaço

Informa O Globo, hoje que arrecadação do Rio caiu, no segundo trimestre do ano, 40% em relação ao mesmo período de 2015, de acordo com um relatório elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Considerado apenas o ICMS, para que o desabamento das receitas do petróleo não entre nas contas, a queda foi de  foi 11,7%.

É a terceira economia do país, atrás de Minas.

E Minas, como se sabe, acaba de decretar calamidade financeira e é considerado a “bola da vez”, depois do próprio Rio e do Rio Grande do Sul, para quebrar.


São Paulo, a locomotiva do País, está registrando quedas enormes em sua arrecadação: -9,3% em 12 meses, até o mês passado. Para que os crédulos em milagres da “competência tucana, coloco aí o gráfico oficial, elaborado pela própria Secretaria de Fazenda do Governo Geraldo Alckmin.

Não tenho o número do crescimento da despesa, mas dificilmente será abaixo de 5 ou 6%, porque a folha de pessoal tem um crescimento vegetativo do qual não se pode fugir e os cortes de despesas, em geral, significam corte nos investimentos. O que, frequentemente se traduz em obras paradas e se deteriorando ao tempo.

Este é o mundo de verdade, o mundo das pessoas.

Este é o quadro real do país que passa o dia inteiro às voltas com discussões sobre a Lava jato, os conflitos entre os poderes, a lista que saiu e a que vai sair  amanhã, depois de amanhã.

Este é o país que ilude as pessoas com a ideia de que o 0,5% de redução que se anuncia vai-se cortar na taxa Selic aquecerá a economia, esquecido que, em termos de juros reais, os nossos estão mais altos agora que no início do ano, porque menor a inflação e a projeção de inflação futura.

Este é o país que discute se, além da perna, não seria bom amputar também o o antebraço e já avisar aos mais jovens que, daqui a pouco, será cortado o braço inteiro.

O pior de tudo, este é o país que está sendo enganado por gente pior do que os ladrões  públicos que estão sendo revelados, porque a faz crer que são as  roubalheiras dos que sempre foram seus que nos atiram à desgraça.

Se você imaginar que a Lava Jato, por ação e, sobretudo, por medo, tenha reduzido em, digamos, 30 ou 40% a corrupção nos negócios públicos no Brasil, onde estão os resultados disso, na prática, dentro deste mar de abandono que é a nossa pátria hoje?

É óbvio que não estou defendendo corruptos ou corrupção, e não tenho medo de que digam isso, porque basta apontar a realidade para que se desmanche a farsa de que os negócios públicos, agora, são mais eficientes.

Mas desprezo, tanto quanto aos ladrões, os que se servem deles, que sempre foram dos seus, para esconder que nosso país é vítima de vários outros saques que são muito mais graves: o de uma elite rentista, intermediária do capital estrangeiro, de uma casta de pseudo servidores que, amamentados fartamente pelo Estado contra ele volta sua obra de demolição, contra um pensamento primevo de vingança e retaliação.

O povo brasileiro, porém, é mais sábio que essa gente.

Já se percebem sinais de enfado com esta autofagia a que nos entregamos.
Sirvo-me de dois parágrafos de um amigo:

Se magistrados, jovens procuradores e policiais federais agissem no limite de seus deveres, com firmeza, discrição e imparcialidade, transformando os processos em espelhos não-deformantes da realidade.
Se, ao lado da intenção de punir, houvesse a investigação das causas que remontam à História, buscando corrigir os atalhos facilitadores da fraude; o cuidado de preservar as instituições que são de todos, apropriadas embora por aproveitadores.
Não foi o que ocorreu, porém.

O Brasil só tem um meio de sair disso, a manifestação do povo pelo voto, que faça alguém ungido de legitimidade para travar a onda de abusos, prepotência e insensibilidade que nos tomou conta.

Não é difícil descobrir quem ainda pode ser esta reserva.

Não imaginei que na vida fosse voltar a viver o que, sem sucesso, viveu Leonel Brizola quando dizia ser um “não rotundo” a tudo o que se está fazendo com o Brasil.

Mas existe ainda um “não rotundo”, que esta gente não cessa de tentar destruir.
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