Elyse: presa por ferir o ego masculino

Elyse: presa por “incitar ciúmes”
Por Nathali Macedo, DCM -
 
Em Santos, criou-se um novo crime: ferir o ego masculino
Um homem mata outro porque não suportou o fato de este outro ter se relacionado com sua ex-companheira. O homem é condenado pelo assassinato, e a ex-companheira, que não teve participação no crime, é presa por “incitar ciúmes” ao assassino, contribuindo assim para o crime.

Parece piada, mas é só o judiciário brasileiro. Isso realmente aconteceu em Santos. O assassino é Thiago Batista de Barros, que atirou em Dan Nunes, então vocalista da Banda Tr3vo, depois que sua ex-companheira, Elyse Chiceri, que mantinha relacionamento com ambos os homens simultaneamente, afirmou que o desempenho sexual de Dan era superior ao de Thiago.

Eis a lógica do ego masculino: se um homem tem o desempenho sexual melhor que o seu, é claro, ele tem que morrer.

Em uma sociedade falocêntrica, os homens não são preparados para serem sexualmente diminuídos – pelo contrário, eles crescem para acreditarem que seus respectivos pênis são, de alguma maneira, o centro do universo. Então, quando alguém ameaça lhes tirar a coisa mais preciosa que possuem – a virilidade – os mais despreparados, como Thiago, perdem as estribeiras.

Mas nem o juiz que sentenciou este caso, nem o advogado de acusação Alex Ochsendorf parecem estar informados acerca de cultura patriarcal e falocentrismo, pois Elyse foi presa por ter feito declarações que “causaram séria perturbação, trazendo reforço à sensação pública de que se vive em uma sociedade impune e eticamente apodrecida em seus valores morais como: família, fidelidade, liberdade e responsabilidade”.

Segundo a Constituição Federal – a essa altura, ela ainda vale alguma coisa no Brasil? – não há crime sem lei anterior que o defina. Mas, em Santos, criou-se um novo crime: ferir o ego masculino.

A mensagem que um crime como este carrega deveria ser compreendida por todos. É ela: ego masculino mata. Cultura patriarcal mata. E Dan Nunes não é a primeira vítima.

Com um judiciário que sempre encontra uma maneira de culpabilizar as mulheres e uma Constituição que, num país golpeado, não passa de um pedaço de papel, isso é só o início das atrocidades que seremos obrigados a assistir.
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