Nosso futebol está ficando mais feminino?

Meninas comemoram a vitória na estreia
Por Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho -


Em tempo (atualizado às 11h de 7.8): 

Como escrevi abaixo, além de ganhar, elas dão espetáculo: sob o comando de Marta, a seleção brasileira de futebol feminino meteu 5 a 1 na Suécia, fora o baile,  em seu segundo jogo na Olimpíada, na noite de sábado. 

As meninas se divertem jogando, ganham os jogos e encantam a platéia. Em duas partidas, já são oito gols a favor e só um contra.  
Faz falta alguém como Marta para liderar a nossa seleção masculina. 
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Para quem assistiu às estreias das seleções brasileiras de futebol masculino e feminino na Olimpíada do Rio, que vai ser oficialmente aberta na noite desta sexta-feira, ficou bem evidente: as meninas estão jogando melhor e com muito mais vontade de ganhar do que a rapaziada.

Elas correm mais, até o último minuto, brigam para ficar com a bola como quem disputa um prato de comida, entram em todas as divididas, não têm medo de driblar e arriscar chutes de qualquer distância, jogam com alegria e têm um esquema tático bem definido, com jogadas ensaiadas, o coletivo se impondo ao brilhareco individual, cada uma sabendo muito bem o que deve fazer em campo, como mostraram na vitória por 3 a 0 contra a China, ao contrário do que vimos na estreia da seleção masculina no empate de 0 a 0 contra a África do Sul.

Nem tanto pelos resultados, mas pelas diferentes posturas em campo, o Brasil feminino, que dosa na mesma medida garra e técnica, talento e dedicação, lembrou os bons tempos do nosso futebol pentacampeão mundial, enquanto o Brasil masculino, jogando de lado e insistindo no chuveirinho, mais preocupado em reclamar do juiz do que em tratar bem a bola, foi uma cópia do time principal da CBF, cheio de estrelas e vazio de encanto e empolgação.

A explicação pode estar nas declarações do técnico da seleção feminina, Oswaldo Alvarez, o Vadão, e da capitã Marta antes da bola rolar nos Jogos Rio-2016.

Marta, cinco vezes eleita a melhor jogadora do mundo: "A vontade de vencer, a vontade de estar sempre destacando a minha equipe e fazendo com que o futebol feminino cresça no meu país é muito maior do que qualquer outra coisa".

Vadão criticou a oportunidade que o Brasil vem perdendo de fortalecer o futebol feminino quando a equipe tinha o favoritismo nas grandes competições: "A modalidade foi pouco desenvolvida, os outros países desenvolveram muito e nós acabamos ficando para trás, essa é a grande realidade. Nós temos jogadoras experientes, com poder de decisão muito grande, jogadoras que individualmente têm o poder do drible, da criatividade".

O que falta é incentivo. A grande maioria delas foi obrigada a ir ganhar a vida no exterior porque aqui simplesmente não se investe no futebol feminino, não há competições regulares, ninguém dá apoio. Dá para imaginar o que poderia ser dessa seleção feminina, se os cartolas dos clubes e da CBF, dos governos e dos patrocinadores, investissem nelas apenas uma parte dos recursos e mordomias destinados à seleção principal masculina.

É verdade que o futebol virou uma grande central de negócios em todo o mundo, nem sempre lícitos, mas nunca deixou de ser, antes de tudo, o maior entretenimento dos brasileiros, algo que deve servir para divertir e emocionar, dar prazer de ver. Ganhar a medalha de ouro é o objetivo comum, mas para isso é preciso suar a camisa, sem perder a graça e a beleza do futebol, como as meninas nos mostraram.

Será que o nosso futebol agora está ficando mais feminino?
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