Com o fim dos partidos, a política virou um leilão


Por Fernando Brito, Tijolaço -

Há um triste espetáculo, que mistura traição, ambição e fisiologismo.

Nunca, na história da Câmara dos Deputados, proliferaram tantas candidaturas.
90% delas, claro, simples instrumento de chantagem e de negociação.

Rogério Rosso é o “homem de confiança” de Eduardo Cunha e de Michel Temer.

Caso contrário não teria sido o indicado para ter sido o presidente da Comissão de Impeachment.

A ordem de Cunha – esta via grupo no whatsapp – e a de Temer é que PMDB e PSDB não lancem candidatos .

Rodrigo Maia, à medida em que se sente rifado, faz promessas ao governo que, na prática, dificultam que a oposição possa apoiá-lo em troca de um comportamento isento nas propostas de “maldade” que logo virão: a reforma previdenciária e companhia…

Leva, com isso, boa parte dos votos tucanos…

A esquerda, para variar desarticulada, não faz valer o peso dos seus 100 votos, decisivos numa eleição disputada e de dois turnos.

Até amanhã, porém, quando  (talvez) se julgue o último recurso de Eduardo Cunha (será?) não há definição de favoritismo. A não ser, claro, de que Rogério Rosso, em princípio, deve estar no segundo turno.

É preciso ver quem está disposto a honrar compromisso e ou que Cunha estará disposto a fazer caso sejam quebrados.

O mais lamentável em tudo é que se pode observar, com absoluta nitidez, que os partidos políticos, na prática, extinguiram-se.

E os partidos, sempre e ainda, são a base da democracia.

Do contrário, é o império do varejo, dos interesses pessoais e do tráfico de influência.

Numa palavra: do dinheiro, que só encontra limites para seu poder quando os políticos se submetem a coletivos.

Se é cada um por si, nem mesmo de traição podemos falar.
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