Jornal GGN -
Maria
Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino
Oficial do Estado de São Paulo, questiona a visita de representantes dos
Arautos do Evangelho, seita religiosa conservadora, à Escola Estadual
Fernão Dias Paes, em São Paulo, na última quinta (2). Noronha diz que,
ao mesmo tempo em que os professores que "ousam pensar e debater" temas
que contribuem para formação dos estudantes são criminalizados, setores
conservadores do Estado brasileiro "acolhem e apoiam organizações
conservadoras e seitas religiosas que nada tem a fazer no interior de
uma escola pública".
Ela relembra que o Estado brasileiro é
laico e questiona se os Arautos do Evangelho "estariam realizando
doutrinação religiosa num espaço pertencente público de educação, sob
responsabilidade do Governo do Estado de São Paulo".
Segundo matéria da Revista Época,
os Arautos do Evangelho são uma dissidência da Sociedade Brasileira de
Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a TFP, com uma estratégia de
divulgação que inclui apresentações de peças teatrais e concertos
musicais em colégios públicos. Leia mais abaixo:
Da Apeosp
É alarmante o que vem acontecendo na
educação pública brasileira. Vejam o vídeo anexo (especialmente a partir
de 0:56″). O que faziam integrantes de uma seita religiosa conservadora
em uma escola estadual paulista?
Temos alertado para o grande espaço que
uma visão extremamente conservadora de sociedade e de educação tem
obtido junto ao governo ilegítimo do senhor Michel Temer.
Recentemente, para indignação geral dos
brasileiros, o ilegítimo Ministro da Educação recebeu em seu gabinete no
MEC o ator pornô Alexandre Frota e outros defensores do movimento
denominado “escola sem partido”. Sob o pretexto de combater uma suposta
“doutrinação de esquerda” nas escolas, este movimento pretende amordaçar
os professores e professoras, impedindo-os de debater com seus
estudantes a pluralidade de ideias e concepções existentes na sociedade
sobre política, gênero, ética, moral e outros assuntos.
A onda conservadora que estamos vivendo
fez com que fossem retirados de diversos planos estaduais e municipais
de educação referências às questões de gênero, questões étnicas,
referências a opções sexuais e outros assuntos incômodos aos
conservadores. Também tem sido apresentados projetos de lei nas
assembleias legislativas, câmaras municipais e no Congresso Nacional que
preveem até mesmo penas de prisão a professores/as que tratem destes
assuntos em sala de aula ou quaisquer outros espaços nas escolas.
Ao mesmo tempo em que são criminalizados
os professores que ousam pensar e debater com os estudantes temas que
contribuem para a sua formação integral como cidadãos e cidadãs
conscientes, setores conservadores encastelados no Estado brasileiro
acolhem e apoiam organizações conservadoras e seitas religiosas que nada
tem a fazer no interior de uma escola pública.
As imagens mostram integrantes da seita
Arautos do Evangelho em visita à Escola Estadual Fernão Dias Paes, na
tarde da quinta-feira, 2 de junho.
O Estado brasileiro é laico. O que
faziam, então, essas pessoas em uma escola pública? Qual seria a
finalidade desta visita? Estariam realizando doutrinação religiosa num
espaço pertencente público de educação, sob responsabilidade do Governo
do Estado de São Paulo?
Nosso sindicato, que representa
profissionais da educação, tem enfrentado recorrentes problemas para
ingressar em unidades da rede estadual de ensino. Durante nossa greve de
92 dias, em 2015, fomos proibidos de ingressar nas escolas para
conversar com os professores e professoras. Por que, então, uma entidade
religiosa, sem qualquer ligação com a educação pública estadual, é
facilmente admitida no interior de uma escola da rede? Com a palavra, a
Secretaria Estadual da Educação.
São muitas perguntas a serem
respondidas. Os fatos se sucedem. A sociedade tem que estar alerta e se
posicionar contra a apropriação do Estado brasileiro por grupos
conservadores radicais de direita que estão tentando destruir os avanços
conquistados pelos educadores, estudantes, pais e a sociedade nas
últimas décadas.
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
Presidenta da APEOESP
0 comentários:
Postar um comentário