O que está por trás da cena de Moro e Fagner num bar ao som de “Vamos Prender Vagabundo”

Fagner com Moro, a mulher Rosângela e um amigo
Por Joaquim de Carvalho, DCM -
 
O Código de Ética da Magistratura registra que o juiz “deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral”.

Esta semana, teve grande repercussão na internet um vídeo em que o juiz Sérgio Moro aparece num bar em Curitiba bebendo na companhia do cantor Raimundo Fagner e aplaudindo uma música que conclama à prisão de “vagabundos”, que têm “foro privilegiado” e “só querem para eles”.
Infração ética?

O bar em questão é o Paraguassu Grelhados, do empresário João Luiz Zucolloto, que se define como “amigo há pelo menos dezesseis anos” do juiz Sérgio Moro, amizade que nasceu do relacionamento entre um irmão de Sérgio Moro e o irmão de João Zucolloto, que se formou em Maringá, assim como Moro, e é advogado em Curitiba.

Na Paraguassu Grelhado, segundo João, Sérgio Moro pode ser visto com frequência, na companhia da mulher e dos filhos. Ele gosta muito de aperitivo, principalmente a elogiada (pela crítica gastronômica local) porção de iscas de fraldinha ao molho de mostarda.

“Sérgio Moro vem normalmente sábado ou domingo, acho que aqui é o refúgio dele para tirar o stress, as pessoas respeitam”, afirma João. Foi no Paraguassu que se estreitou a amizade de Sérgio Moro com o cantor Fagner.

Pelo que João e a mulher, Néia, se recordam, Fagner e Moro tinham se falado por telefone, quando o cantor viu pela TV uma reportagem de uma caravana de motociclistas que foram à porta do Fórum da Justiça Federal em Curitiba manifestar apoio à então embrionária Operação Lava-Jato.

“Fui eu que organizei aquela manifestação. Reunimos umas trezentas motos, e a Band News cobriu. Não sei se era 2013 ou início de 2014, mas sei que o Fagner viu pela TV e gostou”, conta João.

Fagner estava na companhia de Fábio Aguayo, que é presidente da Associação Brasileira  de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), que tem sede em Curitiba, e perguntou se ele tinha o contato de Sérgio Moro, pois queria lhe dar um abraço.

“O Fábio, sabendo da minha amizade com o Sérgio Moro, pediu para passar o recado a ele. Foi o que fiz e eles se falaram por telefone. Depois, Fagner veio a Curitiba e quis encontrar o Sérgio Moro, e então é que os dois vieram ao Paraguassu, num domingo à tarde”, conta João.

O dono do bar aproveitou o encontro e convidou o músico Luis Eduardo César, que é também superintendente de vendas de um laboratório farmacêutico.

Luis levou o violão, com a ideia de que Fagner poderia dar uma canja e que ele também pudesse mostrar composição de sua autoria, batizada de Força Tarefa, que costumava cantar com os amigos de uma banda em outro bar, no bairro de Santa Felicidade, também em Curitiba.

Fagner cantou “guerreiros são pessoas / são fortes / são frágeis / guerreiros são meninos”. Depois, Luis cantou sua música:

“Eles só querem pra eles
Tudo é só deles
Foro privilegiado
Tudo de bom e de melhor,
de gosto, de prazeroso,
mulherada só carrão, vinho bom e avião
E o que sobra para nós?
É a miséria baby
Mas que sobra para nós?
É muito imposto baby
Mas eu moro em Curitiba e o Sérgio Moro também
O bicho vai pegar
Vamos enjaular todo mundo
Venha você também fazer parte dessa arte
Vamos prender vagabundo”
A cena, postada no youtube, termina com o juiz Sérgio Moro aplaudindo.
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