O delírio sádico das pessoas por verem mulheres sendo humilhadas

 
Por Nathali Macedo, DCM -

De tempos em tempos (com curtíssimos intervalos), uma agressão brutal contra mulher é filmada e viraliza.

No ano passado, nesta mesma época, o vídeo de Fabíola sendo agredida e humilhada pelo marido fazia com que a internet delirasse.

Em 2016, teve estupro coletivo – trinta e três conta uma (e contra todas) -, Luiza Brunet sendo espancada pelo marido ricaço e, agora, o caso da Guarda Municipal de Três Corações – MG:

Ela abordou Luiz Felipe Neder – que agredia sua esposa, delegada – e teve como resposta tapas e chutes. A internet, mais uma vez, surtou.

Para além da própria violência – para as mulheres, comum, embora isto não deva ser lido como conformismo – o que não compreendo é esse delírio sádico das pessoas por verem mulheres sendo humilhadas. Para além da indignação, quero dizer, parece haver certo prazer em reproduzir esses vídeos, que para mim – e para as minorias em geral, creio – geram um mal-estar que beira o insuportável.

O agressor – descobriram no facebook – é fã de Sergio Moro e vota Bolsonaro (contra a corrupção). O típico machão moralista que agride a esposa e se justifica dizendo:

“Eu tô com vergonha do que ela tá fazendo, eu quero levar ela embora!”(a culpa, é claro, é sempre da vítima).

Para a turma do #SomosTodosMoro, #SomosTodosEduardoCunha e #Bolsonaro2018, a violência se justifica pela moralidade.

Pena de morte porque “bandido bom é bandido morto, a não ser que o bandido seja branco e rico”, redução da maioridade penal em nome da segurança do “cidadão de bem que paga seus impostos”, e porrada nas mulheres que não se adequarem a essa moralidade fascista ou que simplesmente não se deixarem explorar.

A violência, parece, é intrínseca a essa gente, é sua língua, sua lei e sua religião.

Bolsonaro, Sérgio Moro, Aécio, Frota e toda essa confraria da hipocrisia – inclusive seus seguidores – endossam a violência com seus discursos, com seu golpismo, com a Presidenta de pernas abertas em seus tanques de gasolina, com seus modos – não foi Frota que xingou Letícia Sabatella de safada em um vídeo? – e depois pensam poderem se indignar com um homem chutando uma mulher em via pública, como se esse homem não fosse um verme podre nascido das entranhas do conservadorismo patriarcal, à sua imagem e semelhança.

O agressor de Três Corações não é um caso isolado: é parte de uma violência sistemática perpetrada por homens privilegiados e protegidos pela santíssima manta da hipocrisia. A matemática é muito simples: indignação sem empatia só pode dar em violência.
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