Por Jari da Rocha, Tijolaço -
Minha primeira turma como professor de língua portuguesa, e também literatura, em 1992, foi no Pedrinho, tradicional escola estadual daqui de São Leopoldo.
Na época, vivíamos os tempos dos caras pintadas. Minhas aulas sempre foram políticas, inclusive a que dei ontem. Da turma de 1992 – a primeira turma a gente nunca esquece – alguns alunos, que já demonstravam inclinação a movimentos sociais e faziam parte, inclusive, do grêmio estudantil, são militantes de esquerda até hoje.
Por certo tempo, acho, tive a ilusão de ter contribuído para isso. No entanto, quando fui encontrando alunos dessa turma no decorrer dos anos, tive certeza que não.
Dois alunos, desta mesma turma, me bloquearam nas redes sociais (antes que eu o fizesse, pelo menos). Além de pedirem a volta da ditadura militar, postavam, frequentemente, vídeos de políticos desprezíveis, que prefiro nem mencionar, isso sem falar dos conceitos machistas e xenófobos.
Há pouco tempo, um professor, também de São Leopoldo, disse, no Café Filosófico, que a maior frustração de um professor de história, no caso dele, era ver ex-alunos pedindo intervenção militar.
Quando surgiu essa insanidade de ‘escola sem partido’, quis imediatamente escrever sobre o assunto. Foi difícil falar sobre o óbvio e, ao invés, de apresentar argumentos (nem precisaria muitos) para esfacelar essa teoria enfadonha, eu só conseguia pensar em palavras como estúpidos, asnos, idiotas e reacionários. Então não escrevi.
Ontem, no programa Roda Viva, meu conterrâneo, Leandro Karnal, o professor de história mencionado anteriormente, disse o que precisava ser dito.
Leandro Karnal está longe de ser um militante de esquerda, a menos, é claro, que os mesmos que, com desfaçatez, falam em ‘ideologias’ digam, agora, que Karnal é beneficiário de sanduíches de mortadela. Não se duvide.
Perguntado sobre o assunto no Roda Viva – com Augusto Nunes em seu comando, não dá para achar que é um palco “bolivariano”, certo? – Karnal não hesitou:
Escola sem partido é uma asneira sem tamanho, é uma bobagem conservadora, é coisa de gente que não é formada na área (…) É uma crença fantasiosa de uma direita delirante e absurdamente estúpida…Veja, vale a pena.
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