Minha experiência como empregado do Lobão


Por Tom Cardoso, Esquerda Caviar -


O Lobão não toma o lítio direitinho e começa a pedir desculpas pra todo mundo. Pediu pro Caetano, pro Gil, pro Chico, pro Benito de Paula...Fiquei pensando como se deu a mutação do Lobão cheirador, sarcástico, comedor de criancinha para o Lobão adulador da ditadura, escada do Danilo Gentili. Mas esse mistério eu deixo para quem faz pós-doutorado.
Tô aqui pra contar a minha experiência como empregado do Lobão
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O Lobão resolveu fazer uma revista de música e comportamento, a “Outra Coisa”, que era em parte sustentada, veja só, com anúncios da Petrobras. Tudo isso em pleno governo Lula. Não tô inventando. É só pegar as edições antigas e folhear.
Também não tô aqui para julgar o Lobão. Cada um com seus pobrema. A profissão de jornalista é uma merda, mas a gente se diverte. E não tinha nada mais hilário do que as reuniões de pauta da revista “Outra Coisa”,
A gente sempre se reunia - eu, o Lobão e sua mulher Regina - num restaurante alemão do Leblon. Eu não sei se o Lobão já tinha parado de cheirar, ou se a troca de cocaína por rapé fez mal ao cara - experimente dar Yakult para o Keith Richards para ver o que acontece -, mas ele foi o editor mais maluco e sem noção que eu já conheci.
Ele queria de qualquer jeito que eu entrevistasse o Osama Bin Laden. Juro. Eu tentava argumentar, dizendo que se a CIA não tinha pistas do cara, eu, um repórter preguiçoso, teria certa dificuldade. Ele insistia. E a mulher dele dava corda. Papo de maluco total.

Eu trabalhava, nessa época, na redação do Valor. Toda tarde, o Lobão ligava:

- Tom, conseguiu achar o Osama?

Eu achava que era melhor não contrariar.

- Lobão, tô mexendo os pauzinhos. Calma, a gente chega lá.

O Lobão nunca me pagou. Embolsava a grana, mas não pagava os colaboradores. Muito menos o editor. (“É essa gente que quer tomar o poder?”)

A última vez que falei com o Lobão foi por telefone. Ele me fizera a pergunta de sempre e eu, de saco cheio por não receber, com monte de conta pra pagar, respondi:

- Lobão, achei o homem.

- Você está brincando. Sério?

- Sim. Você me manda para o Afeganistão?

- Humm. Não consegue fazer por email?

Pensei em dizer que nas montanhas de Tora Bora não pegava wi-fi, mas achei melhor acabar com aquela maluquice:

- Lobão, vai dar meia hora de cu, vai.
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1 comentários:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkk paiaço!!!!!!!!!!!