![]() |
Iggy Pop e sua equipe enxuta |
Por Tárik de Souza, CartaCapital -
David Bowie foi o elo entre o proto-punk Iggy Pop
e um de seus muitos discípulos, o guitarrista e cantor Joshua Homme,
dos grupos Queens of Stone Age, Kyuss e até, eventualmente, do Eagles of
Death Metal, tisnado pelo show (em que ele não estava) no Bataclan de
Paris, atacado por terroristas. Imantado pelos álbuns Lust For Life e The Idiot, de Iggy, em colaboração com Bowie, na década de 70, Homme acatou a parceria proposta pelo ídolo.
E o resultado reencena o clima dos
antecessores, responsáveis pela ressurreição do alucinado fundador dos
seminais Stooges. O novo retorno, aos 69 anos, a pele em pergaminho,
onde se lê sua vida desregrada de mergulhador nas plateias e
autoflagelos em série, ocorre após a partida do mentor, Bowie, evocado
na enviezada German Days, comboiada por batidas marciais e coro de navio negreiro.
Com uma equipe enxuta, além de Homme,
produtor e multinstrumentista, apenas Dean Fertita, também do Queens, na
guitarra e nos teclados, e Matt Helders, do Arctic Monkeys, bateria, Post Pop Depression não se resume aos cenários sombrios prenunciados no título. Como a funesta Vulture (negro urubu adiposo, a cabeça branca pendente/ mastigando carne podre à beira da estrada), agulhada por guinchos de guitarra, e a invasiva Break Into Your Heart (Até entrar na sua pele), onde a voz cavernosa do solista aclimata-se ao rock de garagem dos novos tripulantes de sua nave avariada.
Mas sem conchavos. Se um ensolarado interlúdio dançante (Sunday) desagua numa inesperada valsinha, Iggy forja sua Pasargada longe dos laptops, num utópico Paraguay (um lugar onde as pessoas ainda são seres humanos), de corais assimétricos e percussão intermitente. Ao cabo, sob tilintares orientais e uma batida seca, American Valhalla adverte: A morte é uma pílula difícil de engolir.
Vídeo:
0 comentários:
Postar um comentário