Wilson Roberto Vieira Ferreira, Cinegnose -
Cinco horas da manhã de sexta-feira: o Netflix libera no Brasil a quarta
temporada da série “House of Cards”. Uma hora depois a TV Globo começa a
transmitir ao vivo a 24a etapa da Operação Lava Jato
onde 200
agentes da Polícia Federal rumam a São Bernando/SP para o ex-presidente
Lula
ser alvo de condução coercitiva para “prestar depoimentos”.
Coincidência?
Sincronicidade? Para os fãs a série do Netflix apresenta semelhanças com
a
atual crise política brasileira. E o cálculo midiático da vara judicial
de
Curitiba parece saber disso. Se isso for verdade, a Operação Lava Jato
demonstra ser uma grande operação semiótica: da narrativa tradicional em
três
atos de um reality show, agora está evoluindo para um tipo especial de
narrativa transmídia conhecida como “Alternate
Reality Game” (ARG) – Jogo de Realidade Alternativa. Objetivo: criar uma
"zona incerta"entre ficção e realidade que faça alusões ao universo de
filmes e séries para dar legitimidade ficcional a ações que carecem de
base jurídica.
Que a Operação Lava Jato é antes de tudo um show midiático sob o pretexto de
combater a corrupção, não restam dúvidas a cada vazamento seletivo de informações
para a grande mídia cujos âncoras dos telejornais chamam cinicamente de
“investigações sigilosas”.
Depois de paralisar a economia do País com a prisão de empreiteiros
envolvidos com obras de infraestrutura nacional, fazer os investimentos no
setor elétrico cair 30% com o enquadramento da Eletrobrás, comprometer o
estratégico programa nuclear brasileiro com a prisão do engenheiro Othon
Pinheiro da Silva e transformar-se numa espécie de reality show televisivo
diário, agora o juiz Sérgio Moro e sua Operação Lava Jato chegaram ao estado da
arte: evoluiu do reality show comum para uma narrativa transmidiática – o Alternate Reality Game (ARG), Jogo de Realidade Alternativa.
Lava Jato Transmídia
Mas dessa vez a 24a etapa da Operação Lava Jato contou
com uma novidade, uma estratégia transmidiática: às cinco horas da manhã da
sexta-feira, uma hora antes da TV Globo entrar ao vivo, a plataforma de streaming
Netflix liberava no Brasil a quarta temporada da série House of Cards sobre um operador político dos Democratas, Frank
Underwood, que força a renúncia do presidente para assumir o poder na Casa
Branca - série já analisada pelo Cinegnose - clique aqui.
Mera coincidência? Evento
sincromístico? Ou estratégia deliberada para a narrativa ficcional de uma série
de Internet criar um paradoxal “efeito de realidade” à narrativa televisiva?
Matéria Completa, ::AQUI::
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