Da BBC
Todo mundo que já viu golfinhos fazendo truques está a par de seu potencial, e há um imenso volume de estudos evidenciando a inteligência desses animais. A maioria deles foca na mais comum espécie de golfinho - o nariz de garrafa.
Em um clássico estudo, publicado em 1984, pesquisadores treinaram um fêmea chamada Akeakamai para imitar sons gerados por computador. As respostas de Akeakamai foram extremamente similares. Biólogos, então, começaram a relacionar os sons a objetos como argola, cano, cachimbo e bola. Akeakamai rapidamente descobriu a conexão e passou a fazer o som apropriado para cada objeto.
'Ardilosos'
Golfinhos selvagens alcançam façanhas similares. Cada um tem seu próprio assovio, o que funciona como nome. Quando pesquisadores produziram versões sintéticas desses assovios, os golfinhos responderam como se soubessem que estavam sendo chamados.
Os cetáceos também reconhecem uns aos outros. Um estudo de 2013 revelou que golfinhos em cativeiro durante muitos anos, ou mesmo décadas, lembram os assovios. Em um caso, uma fêmea chamada Allie, vivendo no Brookfield Zoo, em Chicago, reagiu a uma gravação com os assovios de Bailey, um golfinho que não via há 20 anos.
Essa inteligência pode ter contribuído para uma espécie de "culto ao golfinho". Mas estudos já revelaram um outro lado desses animais. Um lado bem menos "fofinho" e menos parecido com a série de TV Flipper.
"Golfinhos são muito inteligentes, mas assim como humanos podem ser desagradáveis e ardilosos", diz Richard Connor, da Universidade de Massachusetts e codiretor da ONG Dolphin Research Alliance.
Quando chega a época de acasalamento, golfinhos machos competem arduamente pelas fêmeas. Nos anos 80, Connor e seus colegas foram os primeiros a documentar golfinhos nariz de garrafa "assediando" coletivamente fêmeas em Shark Bay, na Austrália.
"Um evento deste tipo começa quando dois ou três machos tentam capturar uma fêmea", escreveu Connor, em um estudo de 1992. "Os machos investem contra ela. Em uma perseguição, a agressividade se manteve por quase uma hora e meia e os golfinhos percorreram 7km".
Outras observações mostraram que machos podiam formar grupos de até 14 golfinhos.
Apenas em uma de cada quatro perseguições as fêmeas conseguiram escapar. "Durante um ano, fêmeas serão cercadas por uma série de grupos de machos".
Os esforços de fuga podem ser justificados por outra verdade sinistra sobre golfinhos: em 1996 e 97, os corpos de filhotes de 37 golfinhos nariz de garrafa apareceram em praias do Estado americano da Virgínia. À primeira vista, nada parecia errado, mas uma autópsia encontrou evidência de traumatismos severos.
Os ferimentos internos se concentravam na região da cabeça e do peito, sem falar em lacerações em órgãos e fraturas em costelas.
Havia várias evidências do envolvimento de golfinhos adultos, em especial testemunhos de pesquisadores sobre incidentes batizados de "lançamentos de filhotes" por parte de golfinhos. Biólogos suspeitam que o que parece uma brincadeira pode ser também uma forma de machos adultos tentarem matar filhotes para que as mães voltem a ficar no cio.
Há ainda outra surpresa ligada ao acasalamento de golfinhos: um estudo de 2004 que investigou a paternidade na comunidade de Shark Bay revelou que golfinhos ocasionalmente praticam incesto. Um macho, chamado BJA, virou pai em 1978, mas em 1993 acasalou com a própria filha.
"Já vimos machos cercando suas próprias mães", conta Connor. E um estudo de 2010 confirmou que a taxa de filhotes nascidos por endogamia em Shark Bay é maior do que a esperada pelo acaso.
E você que pensava que tubarões eram assustadores...
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