A vez do macaco de fogo


Do Século Diário

Começa dia 8 de fevereiro a grande festa do Ano Novo Chinês. Nada a ver com o carnaval, que esse ano por acaso chegou junto. Na astrologia chinesa, o signo de 2016 é o Macaco de Fogo, associado a muita sorte, bons fluidos e boas chances de sucesso pessoal e profissional. Mas só para os puros de coração; o macaco castiga maus sentimentos, como inveja, ambição desenfreada, busca de fama e poder a qualquer custo, avareza... Portanto, nesse ano, cuidado com o que você deseja…
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Embora o ano comece no dia 8, as festividades já vão céleres desde primeiro de fevereiro, e só terminam no dia 15, em um feriadão maior que nosso carnaval. E ainda chamam o Brasil de país atrasado por causa dos antigamente chamados festejos momescos, com meros quatro dias... ou cinco, ou mais. Se um lado da economia entra em banho-maria por causa das festas, o outro lado engorda, como turismo, linhas aéreas, hotéis, restaurantes...
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As celebrações são marcadas por intensas atividades culturais e religiosas, com as famílias se reunindo para cultuar os antepassados e os laços de sangue. Tudo regado a muita comida, claro. Sendo a China o país mais populoso do mundo, e sendo esse feriado fortemente marcado pelas reuniões familiares, ocorre nessa época o maior êxodo  do mundo. Esse ano, entre 24 de janeiro a 3 de março, calculam que 2,9 bilhões de chineses viajarão de trem, que é o transporte mais usado no país. E mais os que vão de avião, de carro, de bicicleta ou em lombo de burro.
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Mesmo nessa que é considerada a mais antiga e tradicional celebração chinesa, a modernidade acha jeito de se infiltrar. Solteiros e solteiras que vão visitar as famílias no interior do país estão contratando acompanhantes para irem juntos, evitando assim os indiscretos e inevitáveis questionamentos familiares – Ainda está sozinho/a, não acha aque já é hora de se casar, quando nos dará um neto ou neta? Enfim, coisa mesmo de gente vivendo no tempo de Confúcio, o confuso.
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Os acompanhantes são encontrados online, a  30 euros por hora de presença, incluindo casa e comida. Parece fácil, mas as exigências são muitas -  memorizar dados pessoais do outro ou outra, onde e como se conheceram e há quanto tempo, os lugares que frequentam, o que gostam ou desgostam, os planos para o futuro. E mais: não fumar, não dizer palavrões, ser atencioso/a com todos, etc. Mesmo compromissados, nada de manifestações públicas de amor e carinho.
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Estranho como  o cinema, sempre atento a novas possibilidades, não explorou o tema ainda. A tradição exige visitar a família, mas o progresso não aceita as pressões familiares, principalmente para as mulheres. E por que não se casam? Mesmo em um país tão moderno, manda a tradição que os maridos ganhem mais que as esposas. E na China de hoje, tá difícil achar esse ‘marido ideal’. Alguém explica,  "As mulheres hoje estão se dando melhor que os homens".
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